A pandemia COVID-19 e as medidas necessárias à sua contenção traduziram-se num choque muito severo sobre o tecido empresarial português. Este artigo utiliza os resultados do Inquérito Rápido e Excecional às Empresas – COVID-19 (COVID-IREE) para caracterizar o impacto económico da pandemia no curto prazo, num contexto em que as autoridades públicas adotaram diversas medidas de apoio. Os principais resultados mostram uma quebra bastante expressiva da atividade das empresas no segundo trimestre de 2020, com efeitos muito adversos sobre a sua liquidez. Em particular, o Alojamento e restauração destaca-se como o setor mais afetado pela pandemia. Neste período, o impacto sobre o emprego foi relativamente contido. Porém, observaram-se reduções acentuadas no pessoal efetivamente a trabalhar, atenuadas pela utilização do teletrabalho e pela presença alternada nas instalações. Por fim, o inquérito revela que as empresas que beneficiaram das medidas de apoio adotadas pelo Governo foram as que se encontravam numa situação mais desfavorável e que estas medidas tiveram um papel muito relevante na salvaguarda da sua sustentabilidade financeira e na preservação do emprego.
Breve nota biográfica da oradora:
Cristina Manteu é economista do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal desde 1992, sendo atualmente coordenadora da Área de Conjuntura e Previsão. Tem uma licenciatura e um mestrado em Economia pela Nova School of Business and Economics. Tem desenvolvido sobretudo projetos aplicados relacionados com a análise e projeção da economia portuguesa. Os seus trabalhos recentes abordam temas como o impacto de medidas de incerteza na evolução da economia portuguesa, a avaliação da hipótese de granularidade das exportações portuguesas de bens utilizando dados micro, uma caraterização do impacto de curto prazo da pandemia nas empresas portuguesas com base nos resultados do Inquérito Rápido e Excecional às Empresas – COVID-19 e uma análise do comportamento das despesas de consumo das famílias portuguesas no período da pandemia, explorando diversas dimensões de heterogeneidade a partir de uma base de dados de compras com cartões nacionais.
OP_O impacto de curto prazo da pandemia COVID-19 nas empresas portuguesas_CM1.pdf