Data: 27-03-2021
Mês: Março
Ano: 2021

De acordo com o INE, a capacidade de financiamento da economia, face ao trimestre anterior, manteve-se em 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano acabado no 4º trimestre de 2020 (em 2019, a economia tinha registado capacidade de financiamento correspondente a 1,0% do PIB).

A capacidade de financiamento das Famílias situou-se em 5,9% do PIB no ano acabado no 4º trimestre de 2020, mais 1,4 pontos percentuais (p.p.) que no trimestre anterior, em consequência do aumento da poupança em 16,4%.

A necessidade de financiamento das Sociedades Não Financeiras manteve-se em 2,4% do PIB no ano acabado no 4º trimestre. O VAB deste sector diminuiu 1,3% no 4º trimestre de 2020, determinando uma redução de 2,6% no Excedente bruto de Exploração (EBE), ainda assim atenuada pelo significativo aumento dos subsídios recebidos (variação de 23,5% no ano acabado no 4º trimestre de 2020). O aumento destes subsídios de exploração reflectiu sobretudo os pagamentos efetuados pelas Administrações Públicas no contexto da pandemia COVID-19, nomeadamente do regime especial de layoff e os regimes de apoio extraordinário à retoma da atividade. No ano acabado no trimestre anterior, o VAB e o EBE tinham registado taxas de variação de -1,4% e -1,7% respetivamente.

O saldo do sector das Administrações Públicas reduziu-se em 1,5 p.p. no ano terminado no 4º trimestre de 2020 relativamente ao trimestre anterior, representando uma necessidade de financiamento de 5,7% do PIB (saldo positivo de 0,1% do PIB em 2019). Esta redução foi determinada pelo aumento da despesa em 2,8% e pela diminuição da receita em 0,3%. O comportamento da despesa resultou dos aumentos da despesa de capital em 9,3% e da despesa corrente em 2,3%. O comportamento da receita resultou do efeito combinado de diminuições dos impostos sobre a produção e importação (-2,1%) e das vendas (-2,0%), e de aumentos dos impostos sobre o rendimento e património (+1,5%), das contribuições sociais (+0,2%) e da outra receita corrente (+3,7%).

Considerando apenas o 4º trimestre de 2020, a capacidade de financiamento das Famílias aumentou 1,4 p.p., para 5,9% do PIB, e a taxa de poupança atingiu 12,8% (11,0% no trimestre anterior e 7,1% no final de 2019), sendo necessário recuar a 2002 para encontrar uma taxa de poupança idêntica. Este resultado reflectiu sobretudo a variação nominal de -5,0% do consumo privado em 2020, variação negativa sem precedente na série iniciada em 1995, visto que o rendimento disponível das famílias aumentou 1,0%, refletindo em parte as medidas de políticas públicas adotadas no contexto da Pandemia e com reflexo na redução do saldo das Administrações Públicas.

Tomando como referência valores trimestrais e não o ano acabado no trimestre, o saldo das AP no 4º trimestre de 2020 atingiu -3.905,1 milhões de euros (-7,4% do PIB, o que compara com -4,3% no trimestre anterior). A deterioração do saldo das AP esteve associada às medidas de apoio à economia no contexto pandémico e à sensibilidade das finanças públicas à contracção da actividade económica, nomeadamente no que se refere às receitas fiscais.

 

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O Rendimento Nacional Bruto fixou-se em 199.434 milhões de euros, registando uma taxa de variação em cadeia de -0,8%. Esta variação deveu-se à diminuição de 2,8% dos rendimentos primários recebidos com o exterior, enquanto os rendimentos primários pagos apresentaram uma taxa de variação em cadeia de -7,0%. O Rendimento Disponível Bruto apresentou igualmente uma taxa de variação em cadeia de -0,8%, superior à do PIB em 0,2 p.p., fixando-se em 204.302 milhões de euros.

 

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No 4º trimestre de 2020, o Investimento Bruto da economia portuguesa apresentou uma subida de 0,1 p.p. para 19,1% do PIB e a Poupança Bruta registou um aumento de 0,1 p.p. para 18,1% do PIB, o que levou à estabilização da Capacidade Líquida de Financiamento de Portugal junto do exterior em 0,1% do PIB.

 

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