De acordo com o Banco de Portugal, em 2022, o volume de negócios das empresas aumentou 23,1% em relação a 2021. O aumento foi transversal a todos os setores de atividade e mais acentuado nos setores do alojamento e restauração (65,4%) e dos transportes e armazenagem (33,7%), mais afetados pela pandemia em 2020, bem como no setor da eletricidade, gás e água (43,3%), refletindo principalmente o aumento dos preços dos bens energéticos.
O incremento de atividade afetou positivamente os resultados das empresas, que, medidos pelo EBITDA, aumentaram 25,2% em comparação com 2021 (resultados antes de amortizações, depreciações, juros e impostos). Este aumento foi mais expressivo nos setores dos transportes e armazenagem (206,6%) e do alojamento e restauração (96,9%), em linha com o aumento do volume de negócios. Dado o incremento dos custos do setor, o EBITDA da eletricidade, gás e água não acompanhou a subida do volume de negócios.
(Gráfico: Banco de Portugal)
A rendibilidade do ativo (rácio entre o EBITDA e o total do ativo) subiu para 8,9%, valor superior aos registados em 2021 (7,6%) e 2020 (5,8%).
A rendibilidade dos capitais próprios (rácio entre o resultado líquido e o capital próprio) foi de 10,6%, o valor mais alto desde 2007. O aumento da rendibilidade dos capitais próprios foi mais expressivo nos setores dos transportes e armazenagem (+24,5 pp) e do alojamento e restauração (+10,6 pp).
(Gráfico: Banco de Portugal)
Na sequência do aumento de atividade e dos níveis de rendibilidade, os indicadores de risco apresentaram sinais de melhoria.
Em 2022, 37,2% das empresas tiveram resultados líquidos negativos, uma percentagem inferior à registada em 2021 (39,1%). A redução da percentagem de empresas em potencial situação de risco foi transversal à generalidade dos setores, com exceção do setor da eletricidade, gás e água (+1,4 pp).
Adicionalmente, 31,5% das empresas apresentaram EBITDA negativo (33,0% em 2021) e, em 13,6% das empresas, o EBITDA gerado não foi suficiente para cobrir os gastos de financiamento (14,6% em 2021).
A percentagem de empresas com capital próprio negativo (empresas cujo valor do passivo superou o valor do ativo) teve uma ligeira redução, passando de 26,5% em 2021 para 26,2% em 2022.
(Gráfico: Banco de Portugal)
Em 2022, manteve-se a trajetória de aumento da autonomia financeira. No seu conjunto, as empresas continuaram a reforçar os capitais próprios, e a autonomia financeira (medida pelo peso do capital próprio no total do ativo) aumentou para 40,1% (38,8% em 2021). Este incremento observou-se em todos os setores de atividade, com exceção do setor da eletricidade, gás e água (-0,2 pp). A subida dos níveis de rendibilidade nos setores dos transportes e armazenagem e do alojamento e restauração contribuiu para um aumento mais expressivo da autonomia financeira, de 3,8 e 2,5 pp, respetivamente.
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