Em 2020, a crise pandémica implicou uma quebra sem precedentes nas exportações portuguesas de bens e serviços, interrompendo um ciclo de crescimento que se registava desde a anterior crise económica. A atividade económica deverá permanecer condicionada até 2022, ainda assim, de acordo com as previsões económicas intercalares do verão de 2021 da Comissão Europeia, prevê-se que a dinâmica de crescimento na União Europeia aumente em virtude de uma estratégia eficaz de contenção do vírus e dos progressos em matéria de vacinação.
Tendo em conta o desfasamento nas situações epidemiológicas nos vários cantos do globo, as diferentes respostas à pandemia e os impactos associados, é provável que numa primeira fase da retoma da economia europeia, as cadeias de valor prossigam num formato mais regional para reduzir vulnerabilidades, o que pode criar algumas oportunidades de exportação para a economia portuguesa. Num contexto de elevada incerteza quanto à retoma da atividade económica fora da UE, alguns setores da economia portuguesa podem ser ativados, pelo menos temporariamente, para abastecer os mercados da UE substituindo os respetivos fornecedores de origem extracomunitária. Neste cenário, cria-se uma oportunidade importante para que as empresas portuguesas absorvam competências no curto-prazo, ganhem escala e consigam afirmar-se no contexto europeu no médio-longo prazo.
Através de uma análise dos padrões de comércio internacional, para perceber em que tarefas, etapas ou segmentos da cadeia de valor, Portugal e os demais parceiros europeus se encontram especializados, pretende-se: i) contribuir para a identificação dos setores que mais podem beneficiar de procura externa acrescida por desvio de comércio, ii) contribuir para a identificação do conjunto de potenciais mercados de destino dos setores identificados e, por fim, iii) contribuir para a identificação do conjunto de países que concorrem com Portugal pela captação desses mesmos mercados.
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"Guida Nogueira é licenciada e mestre em Economia pela Universidade de Coimbra. É economista no Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia e da Transição Digital onde trabalha desde 2010.
Paulo Inácio é licenciado pelo Instituto de Estudos Financeiros e Fiscais. É economista e Diretor de Serviços de Estatística no Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia e da Transição Digital desde 2011."
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