A produtividade do trabalho é um fator chave para o crescimento de longo prazo de uma economia, influenciando o nível de vida material dos indivíduos. Desde o início do século, Portugal, assim como grande parte dos países desenvolvidos, observa um desacelerar do crescimento da produtividade do trabalho. Análises empíricas recentes que tentam aferir as explicações para o abrandamento do crescimento da produtividade do trabalho enfatizam a relevância das análises microeconómicas. Em concreto, demonstram que as principais causas para tal abrandamento estão associadas a um aumento da dispersão entre empresas do crescimento da produtividade do trabalho que advém do abrandamento no crescimento da difusão da inovação das empresas fronteira (top 10% mais produtivas de cada setor) para as empresas não fronteira (todas as restantes) e de uma maior dispersão entre empresas na evolução das markups. A evidência para Portugal sobre o abrandamento do crescimento da produtividade do trabalho é relativamente parca, sendo a grande maioria das análises existentes efetuadas a um nível setorial ou macroeconómico, não existindo estudos que relacionem o abrandamento do crescimento da produtividade do trabalho com a evolução das markups. Tendo em conta que as markups médias são consideradas uma medida robusta do grau de concorrência de mercado, seria expectável que, em face dos desenvolvimentos que Portugal observou nos últimos anos, no sentido de maior concorrência de mercado, a taxa de crescimento da produtividade agregada fosse crescente. A explicação deste aparente paradoxo exige, por um lado, uma análise mais detalhada, do ponto de vista teórico, dos mecanismos pelos quais a evolução das markups tende a influenciar a evolução da produtividade do trabalho e, por outro lado, um estudo quantitativo de caráter microeconómico.
Seminários GEE
A desaceleração do crescimento da produtividade agregada em Portugal: os fundamentos microeconómicos
- Autor(es): Diogo Teixeira
- Ano: 2023