Foi hoje publicado o Relatório de Estabilidade Financeira de novembro de 2022 no qual se avalia os progressos da economia portuguesa e do sistema financeiro.
De acordo com o Banco de Portugal, a conjuntura económica é caraterizada por inflação elevada e mais persistente, aumento abrupto das taxas de juro e deterioração das perspetivas para a atividade económica. Estes fatores interagem com vulnerabilidades pré-existentes, não obstante o ajustamento financeiro das famílias, das empresas e das administrações públicas no período pós-crise de dívida soberana. Assim, os riscos para a estabilidade financeira aumentaram desde a última edição deste Relatório, mas a resiliência do setor financeiro contribuirá para a preservação da estabilidade financeira.
As principais vulnerabilidades e riscos para a estabilidade financeira, aprofundados nesta edição do Relatório, são:
- Uma reavaliação adicional de prémios de risco, gerando uma desvalorização das carteiras de ativos e aumentando os custos de financiamento de mercado para novas emissões;
- Uma redução dos preços no mercado imobiliário residencial, que poderá também afetar o valor de carteiras de ativos, de famílias ou de entidades financeiras, seja de forma direta, seja por via das garantias em operações de crédito;
- Uma maior dificuldade em assegurar a redução prevista do rácio de endividamento público, face ao abrandamento real e nominal da economia e a um aumento, eventualmente mais expressivo, das despesas com juros;
- A deterioração da situação financeira dos particulares num contexto de taxa de poupança reduzida, em especial entre os já mais vulneráveis, e de dominância do endividamento a taxas de juro variáveis;
- A deterioração da situação financeira das sociedades não financeiras, em particular das mais expostas aos efeitos da pandemia e/ou do aumento dos custos de energia e matérias-primas, que se caraterizem por um menor poder de mercado e por uma estrutura de balanço mais frágil.
- Para o setor bancário, a materialização acrescida dos riscos de mercado e de crédito. Essa materialização dependerá, em grande medida, da evolução da economia e da taxa de desemprego, do ritmo de subida das taxas de juro e das medidas de apoio adotadas.
Esta edição do Relatório de Estabilidade Financeira inclui um tema em destaque:
- O impacto do aumento das taxas de juro no serviço da dívida das empresas;
- A usabilidade das reservas de fundos próprios em resultado da sua interação com os requisitos mínimos regulamentares.
Apresenta ainda seis caixas:
Caixa 1 • O impacto da subida das taxas de juro sobre o serviço da dívida dos particulares;
Caixa 2 • Risco de insolvência de empresas em Portugal: exposição em risco para o setor bancário decorrente do choque pandémico;
Caixa 3 • Relevância dos não residentes no dinamismo do mercado imobiliário residencial;
Caixa 4 • Machine learning: principais conceitos, oportunidades e desafios para o sistema bancário;
Caixa 5 • Exposição do sistema bancário aos riscos climáticos de transição inerentes à carteira de crédito à habitação – análise exploratória.
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