O índice de difusão (calculado com base num inquérito aos cinco principais bancos portugueses) traduz a restritividade do mercado de crédito português: para valores acima de zero significa um aumento da restritividade das concessões de crédito por parte dos bancos, para valores abaixo de zero uma diminuição.
Oferta: De acordo com os resultados do inquérito de outubro de 2016 aos cinco grupos bancários incluídos na amostra portuguesa, os critérios de concessão de crédito ao sector privado não financeiro permaneceram estáveis nos últimos três meses, por comparação com o trimestre anterior. Não obstante, uma instituição indicou que a pressão exercida pela concorrência e melhoria nas perspectivas do mercado da habitação terão contribuído para uma ligeira redução da restritividade na concessão de crédito a particulares para habitação. Relativamente aos termos e condições aplicados nos contratos de crédito, os bancos indicaram, em termos globais, uma redução dos spreads aplicados nos empréstimos de risco médio concedidos a empresas e, em menor grau, nos empréstimos concedidos a particulares.
Para o quarto trimestre de 2016, a generalidade das instituições inquiridas não antecipa alterações nos respectivos critérios de aprovação de crédito ao sector privado não financeiro, com a excepção de uma instituição que reportou que se tornarão ligeiramente mais restritivos nos empréstimos a grandes empresas. Para os particulares, as expectativas são em tudo semelhantes, embora uma instituição antecipe critérios ligeiramente menos restritivos.
Procura: De acordo com os resultados do inquérito, no terceiro trimestre de 2016, registou-se em termos gerais uma estabilização na procura de empréstimos por parte das empresas e um ligeiro aumento por parte dos particulares. No entanto, uma instituição reportou um ligeiro aumento da procura de empréstimos por parte de PMEs e no segmento de longo prazo, enquanto outra instituição reportou uma ligeira diminuição em todos os segmentos. Entre os factores subjacentes a esta evolução, as instituições destacaram, no caso das empresas, o nível geral das taxas de juro e, em menor grau, as necessidades de financiamento do investimento e da constituição de existências; no caso dos particulares, as instituições referiram o aumento da confiança dos consumidores.
Para os próximos três meses, os bancos inquiridos não antecipam alterações significativas na procura de empréstimos ou linhas de crédito por parte das empresas. Apenas uma instituição reportou expectativas de uma ligeira diminuição por parte das PMEs nos empréstimos de curto e longo prazo. No segmento dos particulares, três instituições esperam um aumento ligeiro da procura de empréstimos para aquisição de habitação; no consumo e outros fins duas instituições antecipam uma evolução semelhante, ao passo que as restantes instituições não antecipam alterações significativas.
(Gráficos: Banco de Portugal)
Nota Técnica: O índice de difusão é calculado com utilização de uma escala que possibilita a agregação das respostas individuais, segundo a intensidade e sentido da resposta, a qual assume valores entre -1 e 1, correspondendo o valor 0 à situação “sem alterações”. Nas questões referentes à oferta, valores inferiores a 0 indicam critérios menos restritivos ou um impacto dos factores no sentido de uma menor restritividade: o valor -0,5 corresponde a uma alteração “ligeira” (em termos de índice de difusão, tanto mais ligeira quanto mais próximo de 0 for o valor obtido), e o valor -1 a uma alteração considerável. Ao contrário, valores superiores a 0 indicam um aumento, quer da restritividade ao acesso a crédito bancário, quer das condições de risco dos mutuários: o valor 0,5 sinaliza alterações de intensidade ligeira, enquanto o valor 1 indica alterações consideráveis. Nas perguntas sobre procura, aplica-se a mesma escala, representando -1 e -0,5 uma redução da procura dirigida ao banco inquirido e 0,5 e 1 um aumento (ou um contributo dos factores no mesmo sentido).
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