Os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2023 sobre rendimentos do ano anterior, indicam que 17,0% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2022, mais 0,6 pontos percentuais (p.p.) do que em 2021. A taxa de risco de pobreza correspondia, em 2022, à proporção de habitantes com rendimentos monetários líquidos (por adulto equivalente) inferiores a 7 095 euros (591 euros por mês).
(Gráfico: INE)
O aumento da pobreza abrangeu todos os grupos etários, embora de forma mais significativa os menores de 18 anos (mais 2,2 p.p. relativamente ao ano anterior). A taxa de risco de pobreza dos adultos em idade ativa aumentou 0,4 p.p. e a da população idosa aumentou 0,1 p.p. O crescimento da taxa de risco de pobreza afetou mais significativamente as mulheres (mais 0,9 p.p., de 16,8% em 2021 para 17,7% em 2022) do que os homens (mais 0,3 p.p., de 15,9% em 2021 para 16,2% em 2022).
Em 2022, 22,7% da população que apenas tinha concluído o ensino básico era pobre, um valor significativamente superior às proporções de 13,5% para a população que tinha terminado o ensino secundário ou pós-secundário e de 5,8% para a população que tinha concluído o ensino superior.
A taxa de risco de pobreza para a população empregada diminuiu de 10,3% em 2021 para 10,0% em 2022, mas aumentou para a população desempregada, de 43,4% para 46,4%.
Em 2022, considerando o limiar de pobreza nacional, o risco de pobreza aumentou na Área Metropolitana de Lisboa (mais 4,3 p.p.) e na Região Autónoma dos Açores (mais 1,0 p.p.). A taxa de risco de pobreza manteve-se em 15,6% na região Centro e diminuiu nas restantes regiões. Não obstante a redução verificada na Região Autónoma da Madeira, as duas Regiões Autónomas mantêm os valores de risco de pobreza mais elevados do país.
(Gráfico: INE)
As transferências sociais, relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social, contribuíram para a redução do risco de pobreza em 4,2 p.p. (de 21,2% para 17,0%), um contributo inferior ao do ano anterior (5,1 p.p.).
(Gráfico: INE)
A desigualdade na distribuição dos rendimentos aumentou em 2022, principalmente comparando os 10% da população com maiores recursos e os 10% da população com menores recursos, para o que se obtém um rácio S90/S10 de 9,7, superior ao registado no ano anterior (8,5). Também o Coeficiente de Gini registou um aumento significativo, tendo-se situado em 33,7% e aumentado 1,7 p.p. em relação a 2021 (32,0%). O rácio S80/S20, que compara a soma do rendimento monetário líquido equivalente dos 20% da população com maiores recursos com a soma do rendimento monetário líquido equivalente dos 20% da população com menores recursos, aumentou de 5,1 em 2021 para 5,6 em 2022.
(Gráfico: INE)
(Gráfico: INE)
A estratégia económica de crescimento da União Europeia para a próxima década, designada estratégia Europa 2030, define, entre outros objetivos, a redução do número de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social na União Europeia em, pelo menos, 15 milhões de pessoas até 2030, incluindo pelo menos 5 milhões de crianças e define um novo indicador de monitorização da população em risco de pobreza ou exclusão social, que conjuga as condições de pobreza relativa, de privação material e social severa e de intensidade laboral per capita muito reduzida.
Em Portugal, em 2023 (rendimentos de 2022), 2 104 milhares de pessoas encontravam-se em risco de pobreza ou exclusão social (pessoas em risco de pobreza ou a viver em agregados com intensidade laboral per capita muito reduzida ou em situação de privação material e social severa) situando-se a taxa de pobreza ou exclusão social em 20,1% (o mesmo valor do ano anterior).
(Gráfico: INE)
(Gráfico: INE)
Documento PDF