Em 2024, o volume de negócios das empresas aumentou 3,3% em relação a 2023. Esta evolução foi transversal a todos os setores de atividade, com exceção da eletricidade, gás e água. Os aumentos mais expressivos observaram-se nos setores da construção e atividades imobiliárias e do alojamento e restauração: 8,5% e 8,4% respetivamente. No setor da eletricidade, gás e água registou-se uma redução de 16,7%, justificada essencialmente pela evolução dos preços de eletricidade do Mercado Ibérico de Eletricidade (MIBEL).
O EBITDA das empresas (resultados antes de amortizações, depreciações, juros e impostos) aumentou 2,5%. Contudo, as margens EBITDA em percentagem do volume de negócios contraíram-se ligeiramente, para 13,4% (-0,1 pp do que em 2023), em resultado, sobretudo, do aumento mais acentuado dos gastos com pessoal (+8,5%). O EBITDA dos setores da eletricidade, gás e água e da indústria reduziu-se 4,6% e 4,3%, respetivamente.
A rendibilidade do ativo (relação entre o EBITDA e o total do ativo) diminuiu para 9,3% em 2024 (9,5% em 2023).
A rendibilidade dos capitais próprios (relação entre o resultado líquido e o capital próprio) também registou uma redução, embora mais acentuada, para os 9,4% (10,3% em 2023). Esta redução foi justificada pela contração do resultado líquido, a par do aumento dos capitais próprios.
O decréscimo das rendibilidades foi transversal a todos os setores de atividade, com exceção da construção e atividades imobiliárias, que apresentou aumentos de 0,2 pp na rendibilidade dos capitais próprios e de 0,3 pp na rendibilidade do ativo. O setor das indústrias foi o que registou a maior contração, quer da rendibilidade dos capitais próprios, quer do ativo (-2,0 pp e -0,9 pp).
(Gráfico: Banco de Portugal)
(Figura: Banco de Portugal)
Em meados de 2024, e pela primeira vez desde 2022, a tendência de subida das taxas de juro inverteu-se, refreando o crescimento do custo dos financiamentos obtidos pelas empresas. O custo dos financiamentos atingiu 5% no final de 2024, mais 0,4 pp do que no final de 2023. No ano anterior, a subida tinha sido de 1,6 pp. O aumento do custo dos financiamentos do primeiro quartil de empresas situou-se, no máximo, em 0,2 pp (aumento de 2,0% para 2,2%). Por outro lado, 25% das empresas registaram um custo dos financiamentos igual ou superior a 7,9% em 2024 (aumento de, pelo menos, 1,1 pp relativamente a 2023).
Por conseguinte, a cobertura dos gastos de financiamento — que mede o número de vezes que o EBITDA gerado cobre os gastos de financiamento — reduziu-se de 7,5 vezes, em 2023, para 7,2 vezes em 2024. O aumento do custo dos financiamentos e a redução da cobertura dos gastos de financiamento pelo EBITDA foram transversais a todos os setores, com exceção do setor da construção e atividades imobiliárias.
(Gráfico: Banco de Portugal)
(Gráfico: Banco de Portugal)
Em 2024, as empresas reforçaram os capitais próprios, tendo a sua autonomia financeira (relação entre o capital próprio e o total do ativo) aumentado para 44,3% (42,8% em 2023). Este incremento foi observado em todos os setores de atividade, mas foi mais acentuado no setor do alojamento e restauração (+2,9 pp).
(Gráfico: Banco de Portugal)
Em 2024, 13,5% das empresas não conseguiram gerar EBITDA suficiente para cobrir os seus gastos de financiamento, o que representa uma melhoria de 0,4 pp relativamente a 2023. Esta evolução positiva foi mais acentuada nos setores do alojamento e restauração e da construção e atividades imobiliárias.
Em 2024, 31,8% das empresas tiveram EBITDA negativo, o que representa um decréscimo de 0,5 pp em comparação com o ano anterior.
A percentagem de empresas com resultados líquidos negativos foi de 37,9%, menos 0,4 pp do que em 2023. Esta melhoria foi mais acentuada nos setores da construção e atividades imobiliárias.
A percentagem de empresas com capital próprio negativo — aquelas cujo passivo supera o ativo — também se reduziu, passando de 26,7%, em 2023, para 26,5% em 2024.
(Gráfico: Banco de Portugal)
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