O presente GEE Paper analisa a evolução e caracteriza as empresas zombie em Portugal entre 2008 e 2021. Este fenómeno abrange empresas com EBITDA negativo (Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization) ou sobreendividadas, com dificuldades no cumprimento de responsabilidades financeiras face aos credores, ao longo de vários anos, cuja manutenção no mercado impacta negativamente o desempenho da economia e limita a afetação eficiente de recursos.
O número de empresas zombie em Portugal varia consoante a conjuntura económica, sendo que a pandemia de COVID-19 confirma essa relação com o aumento da sua prevalência. Estas empresas apresentam menor dimensão, não possuem vocação exportadora, pagam salários mais baixos, investem por trabalhador mais 32% do que as restantes (embora menos em atividades de I&D), vendem por trabalhador menos 34%, sendo também menos produtivas do que a generalidade das empresas. A dinâmica destas empresas mostra uma enorme persistência ao longo do período, evidenciando um efeito estrutural que pode estar associado a barreiras à saída e/ou à entrada de novas empresas mais eficientes, o que dificulta o processo schumpeteriano de destruição criativa que contribui para a regeneração do tecido empresarial.
O aprofundamento e análise do fenómeno das empresas zombie em Portugal, incluindo a compreensão da importância relativa das razões que explicam a sua existência, nomeadamente num contexto de fim dos apoios públicos no combate às consequências da pandemia, de inflação persistente e da subida das taxas de juro, facilitarão a adequação das políticas públicas.